Saiba quais os possíveis distúrbios psíquicos que poderão aumentar após o aniversário de um ano da pandemia e qual o momento de procurar ajuda.

A OMS cunhou o termo Fadiga Pandêmica referindo-se ao quadro físico e psicológico produzido pelas consequências experimentadas após o primeiro ano de Pandemia da Covid19.
Estamos as vésperas de completar o “primeiro aniversário” do nosso novo normal. E talvez você esteja se questionando o porquê de estar se sentindo tão cansado neste últimos meses. Saiba que você não está sozinho. A OMS (Organização Mundial da Saúde) criou o termo Fadiga Pandêmica para explicar a sensação física e psicológica de exaustão, que algumas pessoas relatam estar imersas após este primeiro ano de crise sanitária mundial.
Se antes nós podíamos planejar viagens, confraternizar com grupos de amigos, fazer planos para o futuro como forma de produzir momentos agradáveis de bem estar, hoje nossa realidade nos coloca diante de uma série de sensações negativas. Tais sensações, produzem desgaste físico e mental, fruto do estado de alerta o qual nos encontramos neste último ano. Para agravar essa sensação ruim, a medida que o tempo foi passando, o que antes era esperança de volta ao estado anterior das coisas, foi sendo substituído por um conformismo de que talvez a vida de antes demore muito mais para ser reestabelecida.
Todo este desgaste emocional, é derivado de nosso estado constante de alerta, já que a pandemia trouxe um aumento da sensação de ausência de controle que sentimos em relação a nossa própria vida. Se o início da pandemia pela COVID19 era marcado por uma incerteza em relação aos efeitos da doença e ao manejo e controle dos casos de infecção, hoje ela se apresenta por uma sensação generalizada de esgotamento. Tal esgotamento, pode ser nomeado como fadiga pelo confinamento e isolamento social e apresenta certos sintomas como ansiedade, apatia, frustração, irritabilidade, esgotamento, desmotivação, sensação de perda de controle sobre o futuro, incerteza sobre a saúde física e financeira entre outros.
Ao fazermos renúncias relacionadas as compensações que a vida anterior nos oferecia, algumas alterações físicas podem surgir: alterações do sono, cansaço, dores de cabeça e musculares, falta de ar, taquicardia, compulsões alimentares, sexuais (aumento de procura por conteúdos pornográficos ou masturbação), alcoólicas entre outras.
Se antes nos sentíamos unidos em favor de uma causa humanitária, o longo tempo em isolamento fez surgir uma sensação maior de individualismo, processo este comum em situações extremas. Este individualismo, é consequência direta do esgotamento acumulado nos últimos meses. Se antes despendíamos um nível x de energia para dar conta de nossas atividades diárias e para as atividades que envolviam as interações sociais, hoje temos a sensação de que precisamos de uma energia muito maior pra dar conta de coisas básicas como fazer mercado, abastecer o carro, interagir com as crianças, entre outros.
Não têm sido nada fácil o tal confinamento! Para quem está podendo seguir o trabalho de casa, são muitas horas entre quatro paredes sem trocas presenciais com colegas de trabalho (a tal hora do cafezinho), muito tempo de contato direto com as crianças e tudo o que implica o cuidado delas e o trabalho doméstico, muita incerteza e mais tempo para se preocupar com o futuro. Porém, os efeitos do confinamento são sentidos de maneira diferentes em cada sujeito. E eles vão desde a negação completa do estado das coisas, até a hipervigilância que embora seja compreensível em um momento de não normalidade, pode trazer danos a saúde psíquica a longo prazo.
Dentre as formas de adoecimento psíquico que poderemos observar nos próximos meses, a agorofobia, as obsessões e a fobia social merecem atenção. Os estados ansiogênicos provocados por situações em que a normalidade sofre um abalo e os sujeitos precisam manter-se em atenção constante, torna as pessoas inseguras, faz com que certos locais lhe causem mais ansiedade e algumas defesas relacionadas ao controle do ambiente, da higiene bem como o medo de determinadas doenças podem aumentar. Mas como saber se estes medos são fundamentados pela situação social posta, ou se eles são frutos de uma produção irracional?
Percebam que os medos que nos rodeiam atualmente, como medo de sair de casa, esperar na fila, usar o transporte público e frequentar outros espaços públicos estão em alguma medida consoantes com a situação que a pandemia exige. Mas, é possível saber quando este medo de torna algo adoecedor, para além de um alerta natural que nos protege e preserva a vida.
A persistência com que o nervosismo em sair as ruas por exemplo, ou deixar de fazer coisas mesmo se preservando com todas as medidas de proteção estimuladas pelas autoridades de saúde, ou até mesmo a ansiedade, o baixo rendimento nas atividades cotidianas, a apatia entre outros, pode ser um indicativo de que algo não está bem, e quando isso tudo interfere em nossas vidas, é o momento de pedir ajuda.
Lembre-se que você não está sozinho.
Procure ajuda especializada!
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