top of page

Diferenças entre psicologia, psicanálise e psiquiatria

Helenara Sironi de Moraes

Atualizado: 9 de fev. de 2021

Afinal, devo procurar um psicólogo, um psicanalista ou um psiquiatra?

Diferenças entre psicologia, psicanálise e psiquiatria
Vamos pensar como funciona a psicanálise, a psicologia e a psiquiatria?

Para responder a esta questão frequentemente endereçada a nós psicólogos e psicanalistas, vou transcrever integralmente a escrita de Denise Maurano sobre essa questão.

Vamos supor que você esteja com uma terrível insônia, e por causa dela vá procurar ajuda. Se sua questão é eliminar de imediato a insônia e pronto, você pode recorrer a um psiquiatra, que, considerando sua insônia um sintoma de uma suposta doença, te dará um remédio para intervir no seu sintoma. Isso porque a “doença” motivadora da insônia não é senão suposta.

Digo suposta doença porque a grande diferença da psiquiatria para outros ramos da medicina é que quando você procura um médico, queixando-se de um sintoma, o médico irá tratar da causa dele, ou seja, da doença da qual o sintoma é sinal. Assim, se você está com azia, ele não vai medicar sua azia, mas sim a gastrite, a úlcera, ou seja qual for a doença que é causa dela. Já no caso dos sintomas diretamente psíquicos, quando se trata de abordá-los de forma medicamentosa, a questão é bem mais complexa. Você toma o remédio para dormir, mas a “doença” que te deixa acordado permanece intocada.


Questões a se pensar


Faço aqui um parêntese para comentar que caminhões de dinheiro são gastos com pesquisa sobre sintomas psíquicos, e isso acontece também porque os psicofármacos são a maior fonte de rendimento dos laboratórios. Temos semanalmente o alarido de que uma nova droga irá resolver nossos males. Entretanto, apesar dos esforços, nada se consegue encontrar de definitivo, no que diz respeito à relação entre sintomas psíquicos e a doença da qual esse sintoma é sinal. A questão é que, mesmo quando se detecta uma disfunção orgânica, fisiológica ou similar, não se tem como avaliar o que efetivamente a motivou. Mesmo o famoso exemplo, sempre citado, da relação do chamado transtorno afetivo bipolar- oscilação entre mania e depressão- como efeito da deficiência da produção de lítio. Isso nada responde acerca do que motivou essa deficiência. Volta-se a questão: o que veio primeiro- o ovo ou a galinha?

Não quero com isso dizer que os psicofármacos e as pesquisas acerca deles são inúteis. Quero apenas alertar que não são remédios para as doenças, e sim para os sintomas. Têm obviamente as suas indicações, até porque há sintomas que são insuportáveis e que incapacitam a pessoa para fazer o que quer que seja, por vezes colocando até mesmo sua vida em risco. Às vezes, devido a fatores econômicos e sociais, não há outra alternativa, e essa ajuda pode ser preciosa e fundamental. Mas o que efetivamente preocupa é o uso abusivo que deles é feito, não apenas trazendo como consequência pesados efeitos colaterais que portam, mas também isentando completamente do sujeito toda e qualquer responsabilidade pelo que faz com o seu psiquismo.


Iludidas com a ideia de que em algum lugar existem seres que não têm problemas, dificuldades, carências, timidez ou conflitos, as pessoas tendem a avaliar qualquer mal-estar inerente aos impasses de se ser humano como sinais de doenças sanáveis por medicações. Hoje em dia, ninguém mais fica triste, fica “deprimido” (isso até parece dar mais status). Se alguém é tímido, o que poderia ser visto como um jeito de ser que tem inclusive seu charme, é logo induzido a pensar que sua timidez é doença. A situação poderia ser ainda pior, caso as lobotomias e outras cirurgias cerebrais se encaixassem tão bem na sociedade de consumo quanto os medicamentos.


Mas voltemos ao nosso exemplo de insônia. Vamos supor que você não se incomode de tomar remédios e siga a vida satisfeito ou conformado com isso. Ótimo! Se o que você encontra como solução está em linha de sintonia com o que você procura, isso é o mais importante.


Existe também a possibilidade de você achar que esse sintoma é decorrente do fato de sentir-se estressado, com baixa motivação, inseguro, e decidir então que ir ver um psicólogo com quem possa conversar, obter algumas sugestões, um certo apoio e incentivo, possa ajudá-lo a se acalmar. Um psicólogo focalizará suas questões no plano da consciência ou mesmo do comportamento, ou ainda a partir de exercícios cognitivos, dependendo da escola de psicologia pela qual ele se orienta. O contato escolhido pode ser regenerador para você e possibilitar-lhe meios de melhor adaptar-se no contexto de sua vida.


Ou, ainda, você pode perceber que seu sintoma não diz respeito a um estresse qualquer, mas que apareceu num momento especial da sua vida e a partir de certos fatores que escapam à sua possibilidade de apreensão consciente. Com isso, para além de livrar-se dele, você pode querer também saber o que ele pode te informar acerca de seu próprio funcionamento, de como você reage na vida, de como tem se conduzido. Se você tem essa perspectiva, um psicanalisa pode ser o profissional mais indicado para ajudá-lo.


Seu sintoma será abordado numa análise como um sinal do que você é; como um modo paradoxal de obter algum tipo de satisfação, por mais sinistra que ela seja. Chama-se a isso gozo, o processo onde prazer e dor se entrelaçam secretamente. A expressão “volúpia do aborrecimento” do nosso querido Machado de Assis em Memórias póstumas de Brás Cubas, nos dá a medida desse gozo sinistro.

Obviamente, estou me referindo a satisfações que respondem a processos inconscientes, e que não se submetem a injunções como “ não devo pensar isso, devo pensar aquilo”, ou outros modos de auto-sugestão, muito em voga na atualidade. Refiro-me a sintomas que escapam à possibilidade de dominação consciente, sintomas frente aos quais o sujeito se sente impotente, tendo às vezes já tentado os métodos citados, sem obter resultados.”


Depois de ler as ideias de Denise Maurano tão bem conduzidas no recorte a cima, espero que você possa escolher a melhor forma de lidar com seus sintomas! E, caso deseje, posso lhe acompanhar nesta jornada!

 
 
 

تعليقات


Rua Garibaldi, 789

Sala 87 – Centro

Caxias do Sul

Avenida Caçapava, 209

Sala 203 – Petrópolis

Porto Alegre

© 2021 Helenara Sironi de Moraes. Design por Filipe Vebber.

bottom of page